O período conhecido por pós-modernidade tem como característica marcante a heterogeneidade - pluralidade de vozes, de estilos, de gêneros e de visões de mundo. No Brasil, a chamada geração de 80 é marcada pelo desencanto em relação aos ideais de engajamento social e político da década de 70. Caracteriza-se pela temática predominantemente urbana, com ênfase nos estilos pessoais e na exploração de novas técnicas narrativas.
A data de 1984 pode servir como ponto de apoio para demarcar uma segunda fase do pós-modernismo literário brasileiro. Sempre levando em conta a relatividade dos raciocínios de periodização em cultura, pois características de um período se misturam com as de outro, além de que a história da evolução das formas num gênero não coincide ponto por ponto com a de outro. Pensar as relações entre modernismo heróico, alto modernismo e pós-modernismo pode trazer resultados de periodização diferente caso estejamos nos referindo a poesia ou prosa, isso para não falar dos ajustes e ressalvas que precisam ser feitos quando comparamos entre si campos estéticos mais distantes ainda, como literatura, música, artes visuais, arquitetura, etc.
1984. Ano da campanha pelas eleições diretas, ano em que pela primeira vez na história de nosso país manifestou-se efetiva-mente cidadania majoritária e autônoma, no sentido clássico liberal da palavra. A partir daí, desencadeou-se a lenta e progressiva redemocratização do país, num processo que começou com a eleição de Tancredo Neves em 85, passou pela nova Constituição do país em 1988, pela derrubada de um presidente pelo próprio povo que o elegera (Collor, 1992) e consolidou-se finalmente ao longo dos sucessivos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique, até a eleição para um governo nacional de partido nascido já nesse novo Brasil pós-diretas. Deve ter sido a mais longa transição democrática dentre todas que se efetuaram no mundo na segunda metade do século passado. Das diretas em 84 à posse de Lula em 2003, foi uma transição que durou 19 anos.
No entanto, embora seja importante situar o contexto histórico-político local do pós-modernismo, cabe também voltar ao domínio estritamente estético, até porque a evolução das formas poéticas não pode ser entendida fora de uma cultura estética ela própria em constante transformação. No pós-modernismo, o estético circundante inclui necessariamente o pop.
Do ponto de vista da sensibilidade poética entre os letrados, tanto profissionais (universitários) quanto amadores (aqueles que amam), a década de 80 foi de acúmulo, de cultos intensos e leituras intensas de poetas estrangeiros que até então não tinham circulado muito no Brasil. Em matéria de cultos, a década de 80 elegeu como seus grandes objetos de devoção as obras de Ana Cristina Cesar, Adelia Prado e Manoel de Barros. Foi uma década de superação do cânone tradutório dos concretistas, apesar de se ter mantido e ampliado a noção legada pelo concretismo da importância da tradução de poetas estrangeiros de ponta para o desenvolvimento da cultura poética em nosso país. A superação (incorporação/descarte) dopaideuma (paradigma) tradutório concretista se deu pela preferência por poetas como, no campo anglo-saxônico, Elizabeth Bishop, John Ashbery e Sylvia Plath, em detrimento de eleitos dos concretos como Ezra Pound e e.e.cummings. No campo francês, subiu a cotação de Artaud, Prévert, Laforgue, Rimbaud, em detrimento de Mallarmé. Houve também a volta ou permanência triunfante de Baudelaire como referencial francês básico, reflexo provavelmente do enorme interesse da tribo dos letrados brasileiros pela obra do crítico e filósofo judeu-alemão Walter Benjamin. Pode-se dizer que o Borges poeta é hoje uma paixão presente no coração de boa parte do publico leitor de poesia no Brasil. Rilke também foi bastante revalorizado, a partir das traduções de Augusto de Campos.
A cena pop nos 80 apresentou uma renovação instigante. Foi uma década nova-iorquina, com David Byrne, B-52’s, Philip Glass, Laurie Anderson, The Clash. No Brasil, a MPB se transmudou em pop. Até o samba se popificou, com suas levadas de empolgação, tipo Zeca Pagodinho. O acontecimento mais importante foi o surgimento do Rock Brasil. Paralamas, Cazuza e Barão Vermelho, Titãs e Arnaldo Antunes e Tony Belloto. Fenômeno que atingiu dimensões mega e substituiu de vez as importações, pois o rock nacional passou a ser mais consumido que o rock americano. Suas letras “fizeram a cabeça” de gerações inteiras, como antes a alta poesia lírica dos Caetanos e Chicos. Assim como a geração ainda literária nos anos 50 e 60 viu-se poeticamente espelhada nas obras dos modernistas, principalmente Drummond, nos 60-70 tivemos gerações formadas pela poesia da MPB e nos 80 e 90 o portador do fogo foi esse pop rock brasileiro.
Os anos 80 foram a década yuppie que enterrou os valores da contracultura e revalorizou o saber, agora empacotável como produto de consumo cultural, pedagógico. Da colaboração entre o universo pop e o registro erudito, emergiu um revigoramento da cultura canônica, dos grandes clássicos, do prazer de ler romances, das exposições de arte européia antiga ou moderna sob a forma de grandes espetáculos do saber em escala global. O começar diferente dos anos 80 deu-se mais na esfera das condições de produção e circulação do poema que na configuração de novas escritas, de novos universos ou estratégias de linguagem. De maneira análoga ao ocorrido nos demais campos da arte, tanto no plano nacional quanto internacional, foi um período marcado pela normalização pós-vanguardista dos circuitos. Entenda-se pela expressão o desprestígio das ideologias e práticas de tipo transgressivo, em favor de uma renovada e crescente preocupação com o caráter funcional e pedagógico das manifestações artísticas. O mercado, a universidade, os museus absorveram o experimentalismo como peça do sistema e capítulo esclarecido das narrativas sobre cultura.
1980-1985 - No gênero policial, Rubem Fonseca explora os resultados psíquicos, sociais e estéticos da violência urbana. Sobretudo em A Grande Arte (1983). Hilda Hilst trabalha temas metafísicos, privilegiando a exploração do universo sexual e a utilização do fluxo de consciência em poesia e prosa poética. Nas obras de João Gilberto Noll (A Fúria do Corpo), a sexualidade vem acompanhada de um clima pesado de delírio. Caio Fernando Abreu dedica-se ao romance urbano de inflexões intimistas. João Ubaldo Ribeiro investiga a história da identidade brasileira em Viva o Povo Brasileiro (1984). Do mesmo ano é o romance de de Nelida Piñon, A República dos Sonhos, que aborda as aventuras de imigrantes no Brasil. Na poesia, José Paulo Paes, Haroldo de Campos e Paulo Leminski continuam a explorar técnicas inspiradas no concretismo. ganha destaque a poesia de Adélia Prado, que trabalha o universo feminino e cotidiano.
1986-1989 - Ana Miranda lança o romance Boca do Inferno, sobre a vida de Gregório de Matos. No romance intimista destaca-se o livro de estréia de Milton Hatoum, Relato de um Certo Oriente. Josué Montello privilegia o universo maranhense em narrativas históricas. Nesse período torna-se mais conhecida a poesia de Manuel Barros (publicada em1990), cujo apurado trabalho estilístico se volta para os temas ligados à região do Pantanal. Também é importante a obra reflexiva e metalingüística da poesia Orides Fontela.
A poesia marginal é feita por jovens que buscam uma liberdade de criação e de palavras, além de uma liberdade editorial (pois publicam seus textos de forma artesanal ou em folhetos). "Por sua própria natureza, a produção 'marginal' ou 'independente' é bastante volumosa e diversificada, ainda que alguns de seus autores já tenham, em 1987, obras publicadas pelas editoras convencionais"2. Podemos ainda citar entre os movimentos de Vanguarda do Pós-Modernismo: o Neoconcretismo, a poesia ligada à revista Tendência, a produção poética de Violão de rua e os cultores da Arte Postal.
As principais características desse estilo são: intensificação do ludismo na criação literária, utilização deliberada da intertextualidade, ecletismo estilístico, exercício da metalinguagem, fragmentarismo textual, na narrativa há uma autoconsciência e auto-reflexão, radicalização de posições anti-racionalistas e antiburguesas.
Os principais autores desse estilo literário são: Guimarães Rosa, Clarice Lispector, João Cabral de Melo Neto, Nelson Rodrigues, Adélia Prado, Autran Dourado, Augusto e Haroldo de Campos, João Ubaldo Ribeiro, Mário Quintana, entre outros...
o mario é gordo demais e nao consegue descer no cano, triste
ResponderExcluirKKKKKKKKKKKKKKKKKKK concordo
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