Desde os primórdios da década de 80, a procura de uma linguagem artística que respondesse aos novos desafios que vão se colocando para as sociedades modernas. O horizonte posto em discussão cita motivações diversas que vão desde uma sensação de esgotamento da experiência artística até a experiência, direta, do impacto das novas tecnologias. Entre um ponto e outro todos os problemas colocados por uma situação que desaparece a dos sistemas fechados e de uma paisagem que se desenha no horizonte o universo da globalização.
A cena brasileira se tem características próprias, não foge dos conflitos colocados por uma situação de trânsito entre forças adversas. De um lado está a falência do regime autoritário e os últimos momentos da ditadura militar; de outro está em pauta à transição para um estado democrático e a mobilização da sociedade para composição de um novo aspecto social e política. Talvez seja esta travessia dramática entre o velho e o novo que não só dá um sabor especial às produções artísticas que lhes agradam como também distingue as opções estéticas dominantes dos anos 80
O regresso do prazer da pintura nos anos 80 rompe com os limites de recursos que caracterizava a década anterior. A pintura passa a ser concebida a partir de novos pressupostos: uso abusivo das tonalidades, grandes formatos, usa de artefatos do cotidiano adotados como suporte pictórico da obra, gestualidade, figurativismo e expressionismo. Jovens pintores transitam constantemente entre a tradição da história da arte e os pedaços do mundo atual, realizando uma pintura híbrida e contínua.
1902-1980 - Rebolo
1937-1980 - Hélio Oiticica
1899-1982 - Tadashi Kaminagai
1902-1984 - Orlando Teruz
1917-1984 - Maria Leontina F. da Costa
1897-1987 - Arpad Szenes
1897-1987 - Manoel Santiago
1920-1988 - Lígia Clark
1907-1988 - Clóvis Graciano
1896-1988 - Volpi (Alfredo Volpi)
1915 -1988 - Milton Dacosta
1907-1988 - Bustamante Sá
Cultura dos anos 80
Você já deve ter ouvido por aí: os anos 60 foram da Bossa Nova e do início da luta armada contra a ditadura, os 70 trouxeram a Tropicália e a liberação feminina e os 80 foram à década perdida. Os anos 80 não foram de contestação política, nem de uma revolução artística pseudo-intelectual e mal sentiram o gosto amargo da Censura, que já estava em seus últimos suspiros. Mas justamente por isso foram muito mais divertidos. Lançaram o rock nacional, os primeiros jogos eletrônicos (do Telejogo ao Atari, passando pelos game-boys) e teve a melhor seleção brasileira até hoje desde o tri em 70, aquela da Copa da Espanha de 82.
De quebra ainda botou no mundo o cubo mágico, o relógio Champion que trocava pulseira e aqueles picolés deferentes da Gelatto.
O Brasil Conhece a Cultura Hip Hop na década de 80
O nome Hip Hop surgiu no Brasil na década de 80. Ainda não existiam movimentos que retratavam exatamente o fundamento, o significado na íntegra desta cultura, porque todo aquele povo da época (a grande maioria) desconhecia este termo. O que na época foi propagado e muito na mídia, era a febre chamada dança breaking.
O movimento hip-hop foi adotado, sobretudo, pelos jovens negros e pobres de cidades grandes, como São Paulo (o berço do hip hop brasileiro), Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre, como forma de discussão e protesto contra o preconceito racial, a miséria e a exclusão. Como movimento cultural, o hip-hop tem servido como ferramenta de integração social e mesmo de re-socialização de jovens das periferias no sentido de romper com essa realidade.
Em todos os lugares viam-se pessoas com roupas coloridas, óculos escuros, tênis de botinha, luvas, bonés e um enorme rádio gravador mostrando os primeiros passos, do que se tornaria mais tarde uma cultura bem mais complexa.
A década de 80 ainda hoje é uma época que está muito viva na memória daqueles que tem entre 30 e 40 anos de idade. No aspecto econômico ficou conhecida como a década perdida, por conta da estagnação da economia e aumento do desemprego. Mas o que não sai da cabeça desse pessoal e o que marcou de fato a vida de quem viveu a infância e juventude nos anos 80, são as músicas, as brincadeiras e o sentimento de inocência que embalou a época.
“Os adolescentes tinham uma liberdade maior, éramos menos preocupados com a questão da violência. Hoje o adolescente vive mais na frente do computador”, afirma André Lima, organizador da Heatmus 80, festa que todos os anos traz devolta um pouco daquele universo. Sem internet nem shoppings centers a diversão da época se resumia às brincadeiras de rua, aos programas de televisão e aos brinquedos que rondavam o imaginário da criançada. E exemplo do Playmobil, Pense Bem, Pogobal, Robô Art-Tur, tantos outros, e para os meninos, o inesquecível Atari.
O empresário Agnaldo Pardo, 40 anos, é um grande admirador dos anos 80, época em que viveu intensamente a adolescência. Hoje ele coleciona brinquedos que foi adquirindo de parentes e amigos. O preferido da coleção é sem dúvida o Atari, que ele faz questão de ressaltar que “ainda funciona”. O vídeo-game lançado em 83 também foi para o designer Alberto Luiz Andrade uma das sensações da época. “Era muito caro, mas quem tinha condições de comprar um, chamava os colega e todos se reuniam para jogar os jogos, que eram muito avançados para a época. Um dos preferidos era o River Raid”.
Além dos brinquedos Agnaldo guarda discos de vinil e um extenso material em DVD que inclui desenhos, aberturas de novelas, propagandas, clipes, shows e tudo que estava em alta na televisão brasileira na década de oitenta. Uma coletânea que para ele não tem preço. “Não vendo por nada, pelo contrário, a cada dia junto mais”, ressalta.
Criatividade e irreverência
Musicalmente, os anos 80 foram marcados pelo surgimento de artistas e bandas que são sucesso até hoje. Para muitos as músicas daquela época não se comparam com as da atualidade. “O apelo que tinha era bem diferente, eram letras mais inocentes”, ressalta André Lima. Para Alberto Luiz “foi a época do bom rock brasileiro”. Por influência do irmão mais velho ele aprendeu a curtir bandas como Legião Urbana, Plebe Rude, Engenheiros do Havaí, dentre outras.
Para Agnaldo, a quebra da ditadura contribuiu para o surgimento da irreverência e de toda a efervescência cultural da época. Talvez por isso, destaca ele, "que a criatividade dos artistas estava mais aflorada. Hoje vejo muito mais repetições do que novidades. Falta criatividade”.
Ainda hoje o empresário se reúne com um grupo de amigos para relembrar os velhos e bons tempos. “A alegria vivia estampada na cara dos adolescentes”. Para ele essa alegria foi a compensação das décadas anteriores, marcadas pela repressão. Agnaldo garante que todo esse sentimento não é nostalgia. “É porque foi um tempo muito bom. Para um jovem de 18 anos foi muito mais legal viver naquela época do que hoje em dia”, ressalta.
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